As fronteiras entre o setor privado e órgãos governamentais muitas vezes se entrelaçam. Diante disso, Roberto Betancourt compartilha suas experiências. “Eu descobri cedo na minha vida que, em nome de uma empresa, não era bem recebido em Brasília”, inicia o executivo.
Como relata, os agentes do governo não se sentiam à vontade ao interagir em nome de uma companhia. “Havia a preocupação de que pudesse surgir uma acusação de favorecimento a uma empresa, assim como a possibilidade de indícios de corrupção”.
Betancourt detalha a transformação ao migrar para a esfera associativa, inicialmente como membro do Sindirações, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal. ”O tratamento era muito diferente. Como entidade de classe, você é recebido junto aos órgãos governamentais de uma forma isenta, com mais facilidade de acesso”.
Na visão do executivo, o governo, tanto nacional quanto internacionalmente, se vê compelido a atender as associações. “Faz parte do jogo democrático que as entidades atuem junto a órgãos governamentais”, afirma Betancourt, que já ocupou postos de destaque em diversas entidades, como o Deagro, o Departamento do Agronegócio da Fiesp, e recentemente foi empossado como novo presidente da Feedlatina, a Associação de Indústrias de Alimentação Animal da América Latina e o Caribe.
Nesta entrevista, Betancourt destaca também a importância do relacionamento. “Pode haver vontade, pode ter lei, mas as relações humanas têm um papel fundamental”, ressalta. Para ele, a Feedlatina já conquistou canais de comunicação vitais entre governos, entidades e empresas na América Latina.